Intrusões semânticas é o nome dado à dificuldade que pessoas podem ter para lembrar o nome de um objeto após uma tarefa que distrai sua atenção. Um teste típico é identificar com o tato e visualmente 10 objetos em um saco de papel; em seguida é aplicada uma tarefa de distração, como gerar nomes em várias categorias semânticas, nomes de pessoas, de cidades, de lugares, comidas, vegetais. Então pergunta-se à pessoa quais eram os 10 objetos do saco de papel. O fenômenos das intrusões semânticas ocorre quando a pessoa não consegue lembrar alguns dos objetos, e fica gerando nomes ou equivalentes da mesma categoria semântica. Por exemplo, serve para comer no lugar de uma colher.
Um grupo de pesquisadores em neuropsicologia ligado ao Dr Lowenstein na Universidade de Miami vem se dedicando a este detalhe, e estabeleceram inicialmente que uma má performance neste teste é característica de pessoas com Alzheimer já estabelecido, porém em graus iniciais, quando não existe distúrbio de comunicação ou memória mais grave. Depois estabeleceram que o mesmo distúrbio não ocorre com tanta intensidade em demência vascular, ou seja, é específico de Alzheimer. Estabeleceram ainda que ocorre com maior frequência no estágio de pré-demência de Alzheimer, chamado de Disfunção Cognitiva Leve, quando a pessoa sofre um déficit cognitivo mas ainda não é a doença progressiva estabelecida. O déficit permanece estático. Finalmente, estabeleceram que pode ser um indicador de acúmulo de amilóide já nestes casos de Disfunção Cognitiva Leve, pois ocorre com mais frequência quando o PET-CT indica acúmulo de amiloide do que nos pacientes cujo PET-CT é negativo.
Dr Paulo Bittencourt
Schram, Lubert e Lowenstein. Archives of Clinical Neuropsychoiogy 1995; 10: 255-263, 1995
Lowenstein, Curiel e DeKosky. Neurology 2018; 91:e976-984