O futuro do desenvolvimento de crianças com paralisia cerebral pode ser previsto com metodologia disponível, porém com atenção especial à neurologia vascular. Paralisia cerebral é causada por uma isquemia cerebral aguda e grave, um AVC, no período pós-parto. Esta não é a única causa, mas é muito frequente e pode hoje em dia ser identificada por exames especiais de ressonância magnética e tomografia computadorizada. Os exames precisam ser interpretados visando este resultado.
Crianças podem se desenvolver bem, próximo da normalidade, se o infarto cerebral – AVC – que causa a paralisia cerebral não for causado por oclusão no ramo principal da artéria cerebral média. Quando ramos menores são envolvidos a sequela é menor. Quando o tálamo e a cápsula interna são envolvidos o prognóstico é pior.
O local, a extensão e território vascular da lesão decidem o prognóstico futuro, como, aliás, já ocorre com adultos. A grande variabilidade que até agora tornava este quadro clínico misterioso e aparentemente inescrutável pode ser esclarecida por esta avaliação, realizada por exames rotineiros, por vezes acrescidos de uma arteriografia. É possível prever o desenvolvimento motor, cognitivo, de linguagem e comportamental, segundo os investigadores de Vries e Groenendaal.
O primeiro estudo a estabelecer esta realidade foi realizado em 161 crianças nascidas de 40 semanas na Inglaterra e Holanda entre 1990 e 2015. Além de avaliação cuidadosa da ressonância, sem uso de angiografia ou arteriografia, as crianças foram avaliadas entre 1 e 7 anos de idade, com atenção à presença de paralisia, deficiência cognitiva, atraso de linguagem, epilepsia, distúrbios de comportamento ou de campos visuais.
54% das crianças tiveram um desenvolvimento adverso. Foram 49 crianças com paralisia cerebral e 38 com uma combinação de outros déficits sem paralisia.
Dr Paulo Bittencourt
Wagenar et al Pediatrics 2018; 142:e20174164
Christine Lehmann. Neurology Today October 4 2018: 11