Sintomas da próstata e prostatismo, menstruação e TPM

Próstata e prostatismo

Sintomas de próstata e prostatismo são o equivalente masculino da menstruação, para aqueles que usam de humor para falar dos castigos que os sexos pagam em prestações. Com a diferença que os homens pagam sua penitência na idade mais avançada, de forma contínua, todo dia e o tempo todo. As mulheres da adolescência até a meia-idade, em prestações mensais. Embora seja clássica a intensa reclamação feminina das cólicas e TPM, talvez os homens paguem mais caro. Vamos analisar. A hipótese é que a próstata incomode os homens do jeito que útero e ovário incomodam as mulheres, porém com maior crueldade.

O problema é que homens não falam nem se tratam de seus problemas médicos. Clínicas tem muito mais mulheres que homens nas salas de espera. Mulheres falam abertamente sobre seus distúrbios menstruais. Prostatismo é uma chatice monumental, e pode ser uma tortura medieval. É parecido com a cistite das mulheres, porém muito pior. É contínua, difícil de tratar e intensa a constelação de ardência, urgência, frequência e ocasional incontinência urinária. Tudo isso junto se chama de disúria. A uretra do homem é longa, são 10-15cm comparados com os 2-3cm das mulheres. O problema é cinco vezes pior.

Além de atravessar o pênis, a uretra masculina tem em torno de sua raiz, quando sai da bexiga, a mal-fadada próstata. Fica como uma bóia de caixa d’água com o caninho da uretra passando no meio. Quando aumenta de tamanho, vai fechando a uretra, que fica apertadinha no meio do pêssego de 100gr de um prostático usual.

Assentada na base da pélvis, quando é retirada em cirurgia ou raspagem, deixa uma caverna, chamada de loja prostática. A cirurgia pela via abdominal, usada principalmente para casos de câncer, leva 50% dos homens à incontinência crônica, e 25% à impotência. A chamada RTU, ressecção trans-uretral, ou raspagem feita por um cateter introduzido através da uretra, é usada nas hiperplasias benignas. Tem mortalidade um pouco elevada, talvez por que cause sofrimento intenso a homens de uma idade perigosa para infartos e AVCs. Impotência ocorre em menos de 10% dos casos. Incontinência não deve ocorrer.

O pós-operatório das duas envolve muita dor devido à presença da sonda em uma pessoa que não está com lesão neurológica, portanto sente tudo. E dói quando ocorrem sangramentos na loja prostática. A saída do sangue pela uretra, em torno da sonda que ali está, é uma sensação infernal. Depois, quando a sonda é retirada, repete-se o problema para passar a urina no canal traumatizado e inflamado. Demora semanas para melhorar.

Portanto, na conta de homem velho versus mulher nova ou de meia idade pagando penitência, é possível que a do homem seja mais cruel, porém a equação ainda depende de quanto tempo o homem fica vivo com seu prostatismo. Existem complicações exóticas. Em qualquer percurso de automóvel, ônibus, o que for, pode ocorrer uma urgência, levando um homem de idade a parar em favelas, estradas, postos de gasolina, casas de vizinhos. Gerard Depardieu foi exposto na grande mídia internacional ao urinar em uma garrafa de refrigerante no meio do avião decolando de Paris para Londres. Acabou se explicando na polícia!

Wagner Montes faleceu deste tipo de complicação, antes de operar. O caso dele indica a maneira como infecção urinária, uma banalidade em muitas mulheres, é muito mais complicado e perigoso em homens. Aloizio Mercadante, Ciro Gomes e Michel Temer foram obrigados a interromper campanhas e atividades nos mais altos cargos do país por infecções urinárias causadas por atraso em passar por esta raspagem, a ressecção trans-uretral. O sintoma é ainda mais dramático. Ocorre interrupção do fluxo de urina, com consequente globo vesical, uma emergência altamente desagradável, que só se resolve com a sondagem. Se o sujeito tem isso na Ilha do Mel, ou no Pantanal, está perdido. O tempo de tratamento destas infecções atrasa a raspagem, e todos estes políticos foram obrigados a ficar com a sonda vesical durante muitas semanas. No caso de Ciro, foi a um debate com a sonda amarrada na perna.

Dr Paulo Bittencourt