As consequências do coronavírus na comunidade podem ser atenuadas por medidas que o Centers for Disease Control americano colocou em um manual com o conhecimento adquirido com as epidemias de influenza e SARS, e estudos realizados sobre ações comunitárias em vários países. Infelizmente, foi justo no EUA que estas medidas não foram aplicadas. A figura principal mostra o resultado da maluquice maligna de Donald Trump. A curva que não pára de subir é a dos EUA. As do meio são europeias – Itália, França e Espanha, e as de baixo dos países orientais e Dinamarca.
O gráfico abaixo mostra o efeito hipotético da adoção das manobras corretas de atenuação de epidemia.
https://www.cdc.gov/mmwr/volume
As autoridades que devem resolver as ações sobre a ocorrência do coronavírus na comunidade são as da saúde. É óbvio agora que os países que melhor se deram foram os que seguiram os princípios básicos da epidemiologia e saúde pública, expressos no manual do CDC mencionado acima, além de todas as orientações da Organização Mundial da Saúde. Quando a epidemia tornou-se iminente aglomerações foram desestimuladas, com orientação de que as pessoas permaneçam a dois metros umas das outras, sem contato físico, tentando não colocar a mão nas coisas nem levar a mão ao rosto inteiro. Colocar máscaras causa falta de máscaras. Apareceram então as máscaras de tecido. Conforme a epidemia foi chegando aglomerações são proibidas, até chegar no bloqueio total aplicado em Wuhan e na Coréia, depois no Japão e Europa.
As experiências dos vários países são didáticas e se refletem na figura principal. Os primeiros casos foram diagnosticados em 17-18 de novembro de 2019, mas tudo permaneceu abafado até explodir a epidemia em 10-15 de janeiro – dois meses depois. Na China e países vizinhos, mais de 180 milhões de crianças ficaram sendo ensinados em casa através de celulares e vários tipos de computadores. A impressão internacional é que a China foi bem em suas ações comunitárias. O pico da epidemia passou no início de março, outros dois meses depois. Agora eles combatem pequenos surtos assim que aparece um caso, fazendo o que se chama de busca ativa e isolamento de contatos, um mecanismo de prevenção de epidemias pouco conhecido e pouco utilizado no Brasil, mas o único eficiente. Entre nós, atualmente, é considerado coisa de esquerdistas, principalmente entre os terraplanistas.
A China é uma ditadura totalitária, todo mundo obedece orientações e ordens. Os países orientais tem civilizações antigas e mais obedientes que em nosso Novo Mundo. Os países europeus tem sistemas de saúde públicos que abrangem toda a população mesmo, não como nosso SUS e o Medicare americano, que atingem uma porção da população mais pobre. Na África quase não existe estrutura para ser mobilizada. Nos EUA e Brasil o sistema da saúde é privado. Mesmo no sistema público os profissionais recebem por procedimento. Não são sistemas de saúde, e sim de doença, não sabem fazer prevenção. Na prática, nem temos epidemiologistas. Temos profissionais que lucram com a doença e políticos, que tomam atitudes ideológicas. Donald Trump passou dois meses fazendo reuniões com empresários e Bolsonaro é terraplanista. O Ministro Mandetta se revelou um médico de verdade: tardiamente, usou as armas disponíveis.
Como nos EUA, no Brasil enfrentamos epidemias que se desenrolam de maneira diferente nos vários estados. É muito previsível que as nossas serão piores que as de Wuhan, Iran e Itália, onde a atenuação chegou um pouco tarde. Além de chegar tarde, nossa atenuação vem confusa. É transmitida com linguagens e agendas diferentes. Em um mundo perfeito, como nos países orientais, Alemanha e Dinamarca, que são as curvas baixas da figura principal, o pico deveria durar 4 meses, nosso outono e inverno. Com a cacofonia política instalada no Brasil, vai ser muito pior que isso.
Alemanha, Dinamarca e países orientais menores, em especial a Coréia do Sul, tiveram sucesso em aplainar o pico da epidemia do gráfico lá em cima devido ao lockdown – fechamento de tudo – associado à busca ativa com exames de todos os contatos, e seu isolamento. Esta segunda parte nunca fez parte dos plano americano ou brasileiro. No Brasil ninguém nem fala nisso. As pessoas e autoridades parecem achar que devem testar em bloco, um bairro, uma comunidade, o que não resolve o problema epidemiológico. Isso já foi tentado em pragas medievais, isolava-se a realeza, ou a nobreza de cada região, e não adiantava.
Na Escócia, Irlanda e Austrália tivemos testes por drive-through, que minimizam contato. No Reino Unido existem clínicas separadas para suspeitos e doentes de coronavírus, como o hospital que os chineses construíram em dias. Um paciente chegando a um hospital ou posto de saúde contagia muitas pessoas. Assim, as pessoas devem procurar atendimento calmo, agendado. O hospital específico dos chineses seguiu o mesmo pensamento do hospital curitibano que colocou um container no seu estacionamento na epidemia de influenza H1N1 em 2009-2010. No Brasil de 2020 grandes hospitais são procurados pela população através de seus sistemas de saúde. O risco é contaminar todo mundo que está lá, inclusive e justamente quem precisa atender os doentes. Hospitais e postos de saúde viraram usinas de retransmissão de coronavírus. Eu, pessoalmente, nem consigo imaginar no que vai dar isso. Talvez resulte em hospitais fechados por falta de profissionais e interditados para lavagem e desinfecção, justo quando vamos precisar de mais leitos.
As duas característica do coronavírus na comunidade são o contágio muito fácil e a mortalidade para idosos, portadores de outras doenças, as co-morbidades, e doentes crônicos. Daí a necessidade de extremo isolamento dos profissionais que atendem doentes.
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Dr Paulo Bittencourt
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