Tratamento de bipolaridade, esquizofrenia e depressões crônicas

Antidepressivos e suicídio

Os paradigmas de tratamento de bipolaridade e doenças mentais se modificaram. Ocorreram vários movimentos diferentes: clinica e geneticamente estas doenças são parte de um espectro de variação; o tratamento com antidepressivos e benzodiazepínicos é prejudicial; medicações antiepilépticas e antipsicóticos modernos melhoram o prognóstico, aumentando o número de pacientes que eventualmente tem uma “cura”; a forma de psicoterapia que funciona é a que incorpora os conceitos de terapia comportamental cognitiva. É muito diferente; conforme a seleção inicial dos casos incluídos em pesquisas, vai de zero para 50% a parte dos pacientes que tem remissão prolongada após um período mais grave inicial.
A melhor caracterização clínica dos pacientes provocou estudos genéticos que mostraram que existe como que um arco-íris, um espectro, de intensidade de doença mental, que se manifesta diferente conforme a idade. Na infância são as hiperatividades e o autismo, na juventude a esquizofrenia, e depois as ansiedades e depressões crônicas. Nos idosos, as pseudodemências. O conceito atual é que herdamos tudo da família. Piora o quadro clínico conforme a vida trata mal e o sistema de saúde e social não protege estas pessoas, cuja padroeira é Santa Dimpna.
Antidepressivos e benzodiazepínicos aceleram a bipolaridade e aumentam as complicações, abuso de substâncias, obesidade, mortes inesperadas e suicídio. Precisam ser evitados, mas a tentação do uso é grande, pois os pacientes sentem que estão deprimidos. Quando pioram com os antidepressivos a melhora rápida dos tarja preta é muito tentadora.
Muitos antiepilépticos funcionam como estabilizadores do humor, nas mesmas indicações do antigo lítio, porém muito ampliadas. O leque da bipolaridade abriu-se muito por que ajuda muito os pacientes. Topiramato, valproato, carbamazepina, oxcarbazepina, lamotrigina estão entre os antiepilépticos mais utilizados. Os antigos antipsicóticos, haloperidol e clorpromazina, usados desde os anos 50, foram substituídos nos últimos 15 anos. A olanzapina, quetiapina e risperidona tem menores complicações de curto e longo prazo. Um objetivo comum nesta população, que pode chegar a 15% da humanidade, é controlar o quadro inicial com antipsicóticos e antiepilépticos, e depois manter com os antiepilépticos. O uso criterioso de terapia cognitiva comportamental aumenta a porcentagem de pacientes que tem longas remissões após períodos de crise.
Esta é uma visão breve do tratamento de bipolaridade em seu conceito atual, muito ampliado com respeito ao conceito de psicose maníaco-depressiva dos anos 1980 e 1990. Mais informação pode ser obtida nos ebooks Fora da casinha e Quando o erro médico é obedecer ao paciente, de minha autoria, disponíveis na amazon.com.br.
Dr Paulo Bittencourt