Dimpna, santa de ascendência celta pré-católica, é a padroeira daqueles que enfrentam aflições de ordem mental e espiritual, além de ser venerada pelos profissionais e cuidadores que os assistem. A antiga Irlanda, assim como outras regiões do norte e leste europeu, ostentava uma identidade “cristã” mais ampla do que estritamente “católica”. A partir do século X, a igreja associada ao Império Romano Ocidental gradualmente se estruturou e assumiu sua posição em Roma. Esta é a explicação para a relativa obscuridade desses primórdios cristãos. Essa complexidade histórica religiosa é mais minuciosamente explorada no livro “Fora da casinha”, terceira edição, disponível na www.amazon.com.
A Irlanda, bela ilha evangelizada por São Patrício, que se aninha nas águas azuis do Atlântico, é conhecida como “A Ilha dos Santos”. A designação é apropriada, dada a profusão de santos irlandeses, cujo número excede o do calendário cristão. Contudo, muitos católicos desconhecem a maioria desses santos, ignorando até mesmo seus nomes. Entre esses veneráveis e esquecidos santos, frequentemente mencionada como “Lírio de Fogo” devido a suas inúmeras virtudes e sofrido martírio, está Santa Dimpna. Embora os registros sobre sua vida sejam escassos e fragmentários, são suficientes para revelar as principais facetas de sua existência, enriquecida e glorificada por seus numerosos milagres autenticados, os quais testemunham e exaltam sua santidade.
Santa Dimpna veio ao mundo no século VII, período em que a maioria da população irlandesa já adotara o cristianismo. No entanto, seu pai, um pequeno rei de Oriel, ainda era pagão. Sua mãe, de linhagem nobre, era uma cristã fervorosa, renomada na região por sua pureza, devoção e excepcional beleza. Dimpna, à semelhança de sua mãe, personificava a própria beleza, desde a infância uma criança dócil e triunfante, a “joia” de seu lar. Ela foi objeto de afeto e cuidado desde o nascimento, além de ser agraciada com dons especiais pelos céus. Desde cedo, foi confiada aos cuidados de uma mulher devota ao cristianismo, que a preparou para seu glorioso batismo, ministrado pelo respeitado padre Gerebran. Este último parece ter sido um membro da casa, que posteriormente instruiu a jovem Dimpna nas artes da escrita, paralelamente ao ensino religioso. Dimpna revelou-se uma pupila prodigiosa e perspicaz, desenvolvendo precocemente uma sabedoria além de sua idade. Ainda muito jovem, Dimpna, em comum com outras donzelas da nobreza irlandesa, consagrou sua virgindade a Jesus Cristo e à Virgem Maria, mediante um voto de castidade.
Entretanto, não tardou para que uma inesperada nuvem obscurecesse a infância feliz da encantadora menina. A morte levou sua mãe para além desta vida. Dimpna derramou muitas lágrimas em segredo pelo luto de sua amada progenitora; no entanto, encontrou consolo na fé em Deus, que, mesmo em sua tenra idade, já havia profundamente enraizado-se em sua personalidade.
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