Dimpna, padroeira dos doentes do sistema nervoso – II

“[…] Muitas foram as lágrimas que derramou secretamente em luto à sua amada progenitora, porém, em contrapartida ela encontrou um grande conforto na fé em Deus, a qual, mesmo com sua tenra idade, já demonstrava raízes profundas em sua personalidade. “

“O pai de Dimpna também sentiu profundamente triste com  a morte de sua querida esposa, e por um longo período continuou angustiado e recluso. Enfim, seus conselheiros o convenceram de que deveria se casar novamente. Então ele delegou a alguns membros de sua corte a tarefa de procurar   uma dama que fosse tão bela e bondosa como sua primeira esposa. Após visitar inúmeros países em vão, seus mensageiros retornaram afirmando que não conseguiram achar tão charmosa e amável moça como sua amável filha, Dimpna. Dando ouvidos às sugestões de seus conselheiros, o rei concebeu o desejo de se casar com Dimpna. Com palavras bajuladores e persuasivas, ele manifestou seu propósito à ela. A moça, como seria de se esperar, ficou tremendamente horrorizada com a sugestão, e pediu um período de quarenta dias para considerar a proposta. Ela imediatamente se voltou para o padre Gerebran, o qual a aconselhou que ela deveria deixar seu país nativo, e, como o perigo era eminente, ele a urgiu que o fizesse sem demora.

Com toda a velocidade, portanto, ela saiu para o continente, acompanhada pelo padre Gerebran, o bobo da corte e sua esposa. Após uma viagem relativamente tranquila, eles chegaram na costa, perto da cidade que hoje em dia se chama Antuérpia. Fazendo uma parada para um breve descanso, eles retomaram a viagem e chegaram até uma pequena vila denominada Gheel, localizada hoje em dia na Bélgica. Aqui eles foram recebidos com muita hospitalidade e começaram a fazer os planos para estabelecerem sua futura moradia neste lugar.

O rei, por sua vez, tendo descoberto a fuga de Dimpna, ficou extremamente zangado, e imediatamente mandou seus seguidores em busca dos fugitivos. Após algum tempo eles acharam rastros dos fugitivos que os levaram à Bélgica, e o local de refúgio dos fugitivos foi localizado. Primeiramente, o pai de Dympna tentou persuadí-la a retornar com ele, porém o padre Gerebran repreendeu-o severamente, e o rei então ordenou que o padre fosse morto. Sem demora, seus servos colocaram suas mãos sobre o padre e violentamente o acertaram no pescoço com a lâmina de uma espada. Com um golpe de aço, sua cabeça foi decepada de seus ombros, e mais um martir cristão iria se juntar aos ilustres heróis do reino cristão.

As futuras tentativas por parte do pai de Dimpna para induzí-la a retonar com ele forem infrutíferas. Com uma coragem audaz ela rejeitou suas promessas tentadoras e suas ameaças cruéis. Enfurecido com sua resistência, o rei sacou uma adaga da cintura e atingiu a cabeça da filha.  Oferecendo sua alma à compaixão de Deus, a virgem sagrada se sentiu prostrada aos pés de seu insano e enlouquecido pai.

Assim, a gloriosa coroa do martírio foi concedida a Santa Dimpna aos quinze anos de sua vida, no dia quinze de maio, entre os anos 620 e 640. Ao dia de sua morte foi atribuído o seu dia festivo.”

[…]

Nesta imagem ela é mostrada com uma espada, o instrumento de seu martírio, e uma lamparina, trazendo a luz para clarear a mente e levar para longe a loucura.

Foi com a Reconquista dos Reis católicos espanhóis na Península Ibérica e seu apoio financeiro que financeiro que finalmente a Igreja Ocidental pode se estabelecer novamente em Roma, em torno dos anos 1000 a 1500, quando produziu suas Bíblias e o conhecimento que se espalhou pelo mundo como dogma da Igreja Católica Apostólica Romana. Neste processo, inclusive para absorver populações como os irlandeses que poderiam ter se aliado aos ortodoxos da Igreja Oriental, Roma santificou todos estes santos como Dimpna, que são na verdade resultado de mitos ainda mais antigos.

texto traduzido e adaptado por Sofia Simioni de Bittencourt e Dr Paulo Rogério M de Bittencourt, a partir de vários artigos disponíveis livremente na internet.