O principal método de controle de obesidade é o índice de massa corporal, IMC, obtido pela divisão do peso pelo quadrado da altura. O normal é entre 18 e 25. Abaixo de 18 é sub-peso e acima de 25 é sobrepeso. De 30 a 35 é obesidade grau I; até 40 é grau II; acima de 40 é grau III. Asiáticos definem obesidade acima de 25 (japoneses) ou 28 (chineses). Obesidade grau II diminui a expectativa de vida em 10 anos. Grau III é uma emergência médica. É o caso de alguém com 170 cm de altura e 150 kg de peso, que resultará em um IMC de 52 kg/m2. A mortalidade ocorre por vários tipos de câncer e pela síndrome metabólica, conjunto de hipertensão arterial, diabetes mellitus e dislipidemias, que ocorre em todos estes pacientes, por mais que seja disfarçada por medicamentos. Também pela síndrome da apneia do sono e suas complicações.
Estudos dos anos 1990 nos EUA com programas de dieta e exercício, em idade escolar, em milhares de crianças, sempre foram negativos. Já se sabe há 50 anos que o índice de massa corporal é ligado à genética. Não é surpresa que o efeito inicie precocemente. O IMC não é tão genético quando a altura; dieta e exercício podem mudar a realidade até certo ponto na infância, e até 5-10 kg na vida adulta.
Em estudos de crianças de 4-7 anos de idade que mudaram seus hábitos de TV e computador, e foram comparados com outras crianças que não mudaram seus hábitos, o IMC caiu. Mas programas eficientes envolvem tempo, esforço, e dedicação a mudar hábitos de toda a família. Além disso, os custos não são reembolsados pelos seguros de saúde nos EUA. Lá este atendimento pode custar de $1,500 a $3,000 por ano, por muitos anos. Conselho ocasional pelo médico de família é inútil, assim como fazer exames e ir a ocasionais nutricionistas, fazer dietas e ir a spas.
Um estudo em 7000 crianças publicado no New England Journal of Medicine mostra que é na pré-escola que programas de atividade física e ingesta de calorias podem vir a funcionar, conforme comentário de Gina Kolata em 29.1.2014 no New York Times. Um terço das crianças obesas no jardim de infância permaneceram assim para sempre. Embora algumas ganhassem e algumas perdessem peso, as chances de alguém deixar de ser obeso só diminuem com o tempo. Aos 11 anos, grande parte do efeito epidemiológico está definido. Uma combinação de fatores genéticos predispõe e o ambiente favorece comer demais naqueles que tem a tendência.
Ao invés de serem concentrados na escola como atualmente, os esforços de tratamento deveriam ter iniciado no jardim e se concentrar nos já obesos. Um achado muito importante é que após a explosão inicial de casos na infância, o número de novos casos diminui. No jardim, 12% eram obesos e 15% tinham sobrepeso. No fim do ensino elementar, 21% eram obesos e 17% tinham sobrepeso. Metade dos obesos no jardim estavam obesos no fim do ensino elementar. Três quartos dos muito obesos no jardim estavam obesos no fim do elementar. O risco de estar obeso no fim do elementar era 5 vezes maior para quem estava obeso.
Raça, grupo étnico e renda familiar tinham pouca importância nas crianças pequenas, mas aos 5 anos, já não tinham mais nenhum efeito. Embora não fosse um objeto do estudo, foi confirmado que bebês pesados no parto, com mais de 4 kg, frequentemente seriam obesos depois. Os pesquisadores enfatizam a importância dos cuidados intensos e precoces nas crianças obesas, melhorando as refeições nas escolas, ensinando nutrição, atividade física, e se livrando de máquinas de refrigerantes e junk food.
A medida da circunferência abdominal é utilizada além do índice de massa corporal. Pode ser medida logo abaixo do umbigo, na maior circunferência. Não precisa ser exatamente na horizontal, e deve ser aferida sempre da mesma maneira. É anormal acima de 90 cm para mulheres e 105 cm para homens, porém o limite varia um pouco com a altura da pessoa. Também existem limites menores para asiáticos. O ideal é aferir também a circunferência dos quadris, e a divisão A/Q deve dar 0,9 ou 0,8. Existe um único estudo que indica que obesidade central é relacionada com consumo de álcool. É um estudo de Schröder et al, de Barcelona, publicado no European Journal of Nutrition, 2007. Jamais foi confirmado por outros. Trata-se de um cross-sectional study realizado em 3000 pessoas da comunidade de Girona, e não pode ser considerado definitivo. O conhecimento científico é de que é simplesmente mais um sinal de obesidade, e álcool pode ser muito calórico, claro.
Dr Paulo Bittencourt
Dimpna, Curitiba
texto de várias fontes e conhecimento pessoal através dos anos além do mencionado
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