As milícias paramilitares e militares nazistas tiveram dois períodos bem distintos: quando eram paramilitares, e depois que se tornaram institucionais, portanto militares. Para entender as milícias paramilitares e militares nazistas é crítico o personagem Ernst Röhm. Aliado da juventude de Hitler, foi membro pioneiro do Partido dos Trabalhadores Alemães, que se transformou no Partido Nacional Socialista, o Nazista. Röhm foi protagonista do Golpe da Cervejaria em Munique em 1923, que levou Hitler, Rudolph Hess e ele a serem presos, condenados por alta traição. Como Hess, era militar aposentado ferido na 1ª Guerra. Röhm então formou a SA, Sturm Abteilung, milícia que chegou a ter 3 milhões de membros. O exército alemão, a Wermacht, tinha 100 mil soldados, limite colocado pela penalização da derrota na 1ª Guerra.
Também chamados “Camisas marrons”, a SA de Röhm era a milícia pessoal de Hitler (foto de 1928); brigava na rua e nas enormes cervejarias de Munich, que deram origem à Oktoberfest. Seu principal inimigo eram os comunistas. Röhm era notório homossexual, e sua prolongada intimidade com Hitler coloca dúvida na sexualidade do Führer. Quando Hitler assumiu o poder em 1933, logo transformou o país para um partido único. Sem comunistas para enfrentar a SA promovia arruaça e bebedeira, parte da orgia no sul da Alemanha nos anos 1930.
As intenções populistas de redistribuição de renda de Röhm foram usadas como causa e estopim para A Noite das Facas Longas, 1º de julho de 1934, quando 85 líderes alemães foram executados extrajudicialmente. Esta expressão alemã é semelhante à traição e vingança da facada nas costas em inglês. Foi então que equilíbrio das milícias paramilitares e militares nazistas mudou e ficou como seria até a 2ª Guerra. Ernst Röhm foi executado com a desculpa de ter se oposto à Hitler. Porém, foi descartado porque era baixaria demais para as elites militares e industriais que agora estavam acolhendo Hitler.
Para eliminar a SA e agradar o exército e as elites de direita, Hitler, Göring e Himmler, usaram as guardas militares institucionais: a emergente SS, Schutzstaffel; o SD, Departamento de Segurança e o batalhão pessoal de segurança de Göring da polícia secreta da Gestapo. Além de eliminar o trabalhismo popular de direita alemão, se livraram de outros inimigos. Algumas estimativas colocam em 1000 os mortos e/ou presos em 3 dias. Dali em diante Hitler, Göring, Himmler, Hess e Heydrich usariam somente as guardas institucionais em seus projetos, embora elas continuassem funcionando como milícias nazistas, fora do exército e da força aérea ou naval. Respondiam diretamente aos chefes. Cada um meio que tinha a sua.
Dr Paulo Bittencourt