Hormônios e esclerose múltipla, obesidade e puberdade

hormônios e esclerose múltipla

Hormônios e esclerose múltipla são relacionados pelas mulheres e muitos de seus médicos. Esta relação já foi explorada no caso da epilepsia, onde não ficou comprovada. No caso da enxaqueca existe uma relação clara, assim como nos canceres femininos, de mama e útero. Alguns estudos recentes exploraram a relação de hormônios e esclerose múltipla. Um deles demonstrou uma relação da puberdade mais tardia com melhor prognóstico de esclerose múltipla. Foram avaliadas 15 mil mulheres com esclerose múltipla e 25 mil controles, através de análise genética chamada de randomização mendeliana, para prever a idade da puberdade, e do índice de massa corporal. O estudo usou uma base de dados genéticos europeus de mais de 300 mil mulheres para calcular a idade prevista geneticamente que a puberdade ocorreria. O resultado demonstrou que para cada ano de atraso na puberdade a mulher tem menos 10% das chances de desenvolver esclerose múltipla. Porém, a obesidade quase anula este efeito. Ou seja obesidade é o fator determinante.

Harroud et al 2019, 92:e1803-e1810

Boris and Dubois. Neurology 2019, 92:735-736

Fatores nutricionais são os mais importantes determinantes do timing da puberdade feminina. Calorias em excesso para as demandas do crescimento e da atividade física se refletem em gordura corporal, que sinaliza ao cérebro que pode começar puberdade e fertilidade. A gordura avisa o cérebro que a mulher está pronta para acomodar um feto. Existe ampla evidência desta relação, seja em populações diferentes ou na mesma população em diferentes classes sociais. O recente aumento do consumo de proteína animal e o aumento de obesidade infantil adiantou a idade da puberdade. Qualidade da dieta também tem importância. Mais fibras e menos proteína, como em dietas vegetarianas, atrasam o início e o desenvolvimento da puberdade.

https://en.wikipedia.org/wiki/Puberty

Um estudo utilizou neurologistas e ressonância magnética para seguir por 20 anos 500 mulheres que haviam tido uma primeira crise isolada de esclerose múltipla. Não houve efeito de menarca – a idade em que meninas começam a menstruar, gravidez e aleitamento, na ocorrência, no prognóstico e na ocorrência de maior incapacidade física causada por esclerose múltipla. Assim, não ficou demonstrado porque esclerose múltipla ocorre mais em mulheres, nem a relação entre hormônios e esclerose múltipla.

Zuluaga et al 2019, 92:e1507-e1516

Dr Paulo Bittencourt