Tratamento de esclerose múltipla pediátrica

esclerose múltipla pediátrica

O tratamento de esclerose múltipla pediátrica, ou seja, em crianças, ainda antes de se tornarem adultos, é um desafio ainda maior. Em Ontario no Canadá existe uma frequência grande de esclerose múltipla em crianças. Atestado a dificuldade que ainda persiste neste campo na Neurologia e da Pediatria, os pesquisadores precisaram estabelecer uma série de detalhes epidemiológicos e estatísticos para conseguir capturar 37 casos de esclerose múltipla e os 44 de doença monofásica desmielinizante, mais e mais reconhecida como esclerose múltipla. Usando cálculos epidemiológicos complexos, chegam a um número de incidência de 1 para 100000 crianças por ano, e uma prevalência de 5 por 100000 crianças. Prevalência é a frequência na população em geral. Incidência é a intensidade da ocorrência por ano.

Há 10 anos um paciente que agora tem 16 anos de idade não conseguiu um profissional que o atendesse, até ser encaminhado a nós, já com doença avançada e várias deficiências neurológicas, aos 10 anos de idade. Muitos médicos devolviam o preço da consulta aos pais, e diziam que não era possível uma doença assim estar acontecendo naquela idade. Ou seja, neurologistas não conheciam esclerose múltipla pediátrica. O caso está contado em parte no canal de youtube referenciado abaixo.

Nos EUA a situação de esclerose múltipla pediátrica mudou neste período, e o uso do protocolo aqui no Brasil conhecido como do Ministério da Saúde já é bem estabelecido. Porém os autores reconhecem que ainda existem poucos dados sobre eficácia e segurança dos novos medicamentos para tratamento de esclerose múltipla pediátrica, ou seja, quando ainda são crianças. A razão é que os medicamentos de primeira linha, interferons e glatiramer acetato, não funcionam bem.

Eles revisam 1019 casos com início na média aos 13 anos de idade ou de esclerose múltipla ou da chamada síndrome isolada, tratados em 12 clínicas especializadas. Em 61% o tratamento foi iniciado ainda na infância, com dimetil-fumarato, nalatizumab, rituximab, fingolimod, daclizumab e teriflunomide. Estas medicações tiveram eventos adversos calculados em número por 100 pessoas-ano. É uma maneira de se fazer uma porcentagem por ano de tratamento. A frequência de eventos adversos dos medicamentos acima assim calculados foi: 37, 16, 17, 7, 10 e 0, este último em só 3 casos que usaram teriflunomide.

Esta escolha de tratamento revela que é comum o tratamento de esclerose múltipla pediátrica ser difícil devido à intensidade da doença, que costuma ser muito inflamatória e rapidamente progressiva. Assim, medicamentos mais complexos logo são necessários.

Dr Paulo Bittencourt

veja um artigo mais recente sobre o mesmo assunto:

http://www.dimpna.com/2022/04/29/esclerose-multipla-em-criancas-e-jovens/

Marrie et al. Neurology 2018; 91:e1579-e1590

História natural e tratamento de esclerose múltipla

https://www.youtube.com/watch?v=UrEkS7xK3BU

Krysko et al on behalf of the US Network of Pediatric MS Centers. Neurology 2018; 91:e778-787