A coluna vertebral é alterada em pessoas com esclerose múltipla, de uma maneira que piora com o tempo e com a evolução do déficit neurológico. A coluna vertebral pode ser muito prejudicada quando se somam tempo de evolução da doença, quantidade de lesões cranianas e medulares, e quantidade de impacto na vida diária. Ocorrem lesões de discos com extrusões, hérnias, e artrose acelerada dos ossos e das articulações.
A degeneração acelerada da coluna vertebral é mais óbvia quando a pessoa tem a forma crônica progressiva, com lesões de tronco, cerebelo e medula espinhal. As causas são perda de sensibilidade vibratória e de sustentação muscular. A sensibilidade vibratória, testada com um diapasão, leva informação de sensores que ficam dentro das articulações, nos tendões musculares. É a sensibilidade profunda, em oposição à superficial da pele, testada com um alfinete ou com uma pena. As pessoas com esclerose múltipla estabelecida tem alguma perda da sensibilidade vibratória; não sabem exatamente onde e como estão suas pernas, joelhos, pés e quadris. Não se defendem automaticamente do impacto no dia a dia, por exemplo subindo e descendo escadas. O pior é que quase ninguém tem noção disso, e tendem a não acreditar quando a gente lhes dá esta notícia.
Além da fraqueza muscular muitos tem falta de equilíbrio por várias razões, e batem os pés no chão com mais força em todos os passos que dão. Muitas são mulheres vaidosas, sem vontade de usar tênis com amortecedores e bengalas. Preferem botas, sapatilhas e rasteirinhas que pioram o impacto. A figura, cortesia da clínica X-Leme em Curitiba, mostra uma coluna vertebral em um homem de 48 anos, com doença progressiva muito avançada, com todos estes déficits neurológicos e com um tremor de membros que piorou a situação. Uma de suas hérnias, na região torácica, já é cirúrgica.
Assim como este homem, muitas pessoas nunca são informadas deste problema, mas param de piorar quando passam a usar tênis e bengalas. Muitas pessoas com estas formas de esclerose múltipla deveriam tomar cuidado extremo quando tentam ficar de pé, ou mesmo andar, sem estar em plenas condições.
Dr Paulo Bittencourt