Gagueira tem origem genética indicada por evidência científica

canabinoides e canabidiol

Os portadores de gagueira precisaram conviver com todas sorte de lenda urbana até pouco tempo atrás. Já houve um humorista que trouxe o Brasil abaixo em um programa do Jô contando tudo que tinham feito com ele, embora em geral com boa intenção.

Embora saiba-se que a gagueira corra em famílias, foi só há pouco tempo que foram descobertos 3 genes cujas mutações podem estar associadas com este distúrbio de fala. Sempre houve uma ideia que o martelar da fala destas pessoas tivesse uma causa mais espiritual, psicológica, que refletisse alguma dificuldade etérea destes meninos, que são a maioria.

Um estudo publicado no New England Journal of Medicine diz que o 1% da população que sofre do problema de  gagueira pode se beneficiar de intervenção precoce que envolve fonoaudiologia na infância e tratamento de ansiedade nos adultos. As técnicas associadas com terapia comportamental cognitiva costumam ter bem mais efeito que outras em pessoas com problemas que pareciam psicológicos ou mentais, mas, depois se sabe, são fisiopatológicos.

Porém a equipe do National Institute on Deafness and Other Communication Disorders (NIDCD) espera que sua descoberta beneficie mais pessoas com gagueira, pois um de cada 10 gagos tem uma mutação em um destes 3 genes. Dois destes, GNPTAB and GNPTG, foram ligados a doenças metabólicas de acúmulo de lipossomas. Quando o gene se manifesta parcialmente, produz a gagueira. Quando se manifesta integralmente, produz a doença metabólica bem mais grave. Talvez no futuro o tratamento destas doenças possa ser usado em gagueira, conforme um dos autores, James Battey.

Este é o primeiro estudo que indica uma causa fisiológica para a gagueira, indicando que circuitos cerebrais podem não estar ligados de acordo, como ocorre com as afasias e dislexias de desenvolvimento.

Os autores esperam que estes avanços diminuam o sofrimento e o bullying que estas crianças sofrem. (BBC Health)

Dr Paulo Bittencourt