A fraude curitibana estabelecida por Antoniuk e Soifer

Fraude Curitibana

Curitiba domina há mais de um século a técnica da fraude curitibana, a implantação de um rumor com o objetivo de instalar uma falha de caráter em uma pessoa para poder controlá-la. A primeira vez que tenho conhecimento de ter sido acusado de fazer mal a moças passou batida. Só vários anos depois, aos poucos, fui captar o que havia acontecido. Essencialmente eu tinha 26 anos, estava noivando e casando com o amor da minha vida, Lilian, uma baiana, ambos em Londres fazendo pós-graduações. Do nada, um curitibano conhecido, Milton Kac, de barba na foto, apareceu justo na sala da escola de inglês onde minha noiva estudava. Não só a levou, aos 21 anos de idade, para uma longa viagem de motocicleta, como contou que eu era especialista em tirar a virgindade de meninas em Curitiba. Minha vida sexual foi iniciada com estudantes de colleges nos EUA e permaneceu ativa durante a faculdade em Curitiba. Realmente uma ou outra eram virgens, tínhamos 18 ou 19 anos.  Mas uma era divorciada, tinha filho e 6 anos a mais que eu. Isso virou evidência de mau-caráter na cabeça de quem utiliza prostitutas, quase 20 anos depois dos anos 1960.

Um ano depois Affonso Antoniuk completa a fraude curitibana e mostra seu objetivo: um belo dia, aparece do nada, na calçada em frente ao hospital, o Queen Square. Eu nem ia descer, não tinha ideia quem era. Outros brasileiros insistiram, e fui convencido em um jantar que eu deveria pensar em vir para Curitiba por ele e Ingrid Schrappe. Mas a fraude curitibana havia sido construída de maneira mais complexa. Sem eu saber, através de minha mãe, Ingrid já havia encaminhado para eu cuidar, um ano antes, uma jovem grávida que fez um aborto lá, onde era legalizado. Não tive responsabilidade, ela não ficou na minha casa, não acompanhei. Minha mãe e minha irmã cooperaram com esta trama. Depois de não me envolver com esta ou outra de muitas moças que me visitavam, nem deixava ficarem em minha casa, elas trouxeram pessoalmente uma belíssima morena, amiga de família, e a deixaram comigo por 15 dias quando minha noiva estava viajando com sua companhia de ballet, poucos meses antes do casamento. Eu doido de ciúmes, o ballet se apresentava em plazas de toros no verão espanhol.

Depois das visitas de Affonso Antoniuk e Milton Kac, minha chance de continuar na Inglaterra diminuiu. Eu achava que era devido a más decisões clínicas durante a residência, não sabia que meu chefe inglês era um católico radical pró-vida. Nem tinha ideia de que isto pudesse existir. Anos depois descobri que nesta época apareceu um rumor de que eu tinha tido casos com pacientes no Brasil. Ocorre que eu nunca tinha nem praticado Medicina no Brasil antes de ir para a Inglaterra. Nunca tive nenhum paciente antes de começar a praticar Neurologia em Londres, em 1978. Óbvio que lá também não tive nada com pacientes. Onde eu estava nem seria possível. Como eu não tinha conhecimento da implantação de rumores, só iria entender estas tramas 30 anos depois.

O rumor inglês foi reforçado por uma menina catarinense, que, já nos anos 1980, foi operada por Randas Vilela Batista e ficou de repouso 15 dias de bruços no Hospital NS das Graças. Achei curioso que um cirurgião cardíaco fizesse cirurgias gerais em meninas, mas fiz meu serviço, investiguei e orientei sua epilepsia. Depois ela foi a Londres, e eu dei a indicação de uma segunda opinião, com Josemir W Sander, amigo para quem eu havia arranjado o meu emprego. Um Fachin judeu da vida, meio gaúcho, meio nordestino, pouco curitibano. Anos depois, en passant, ele me contou que tinha sido paquerado pela menina, mas que, diferente do costume no Brasil, ele não havia tido nada com ela. Sub-entendendo que eu haveria tido. O Queen Square inteiro e até meu supervisor de bolsa do Rotary, também judeu, assistiram a tudo isso.

Dr Paulo Bittencourt