Transtorno bipolar e ligação com doença de Parkinson

Ocrelizumab, teriflunomide and dymethylfumarate

Transtorno bipolar apareceu com uma relação estatística com doença de Parkinson em um estudo realizado por Huang et al.

Mao-Hsuan Huang, Chih-Ming Cheng, Kai-Lin Huang, Ju-Wei Hsu, Ya-Mei Bai, Tung-Ping Su, Cheng-Ta Li, Shih-Jen Tsai, Wei-Chen Lin, Tzeng-Ji Chen, Mu-Hong Chen. Bipolar disorder and risk of Parkinson disease: A nationwide longitudinal study. Neurology 2019; 92:e2735-e2742

Embora as associações entre depressão, em especial as formas mais graves e crônica,  e Parkinson já tenham sido provadas, esta foi a primeira vez que um estudo longitudinal nacional testou as ligações entre o transtorno bipolar e a doença de Parkinson. Este estudo mostrou um risco maior de apresentar doença de Parkinson entre aqueles com transtorno bipolar do que entre aqueles do grupo controle. A chance foi 0,7% nos bipolares contra 0,1% na população controle. Esta é uma chance 7 vezes maior, e é diferente do que depressão crônica, que pode ser um início disfarçado de doença de Parkinson.

A pesquisa  de Huang e colegas teve uma metodologia muito rigorosa, e estabelece um risco maior nos portadores de transtorno bipolar. Mesmo assim, alguns detalhes devem ser considerados em relação aos resultados. Outras síndromes psicóticas que ocorrem em várias faixas de idade podem estar ligadas à doença de Parkinson, como as que pessoas com depressões e ansiedades podem demonstrar. Além disso, o uso de alguns medicamentos antipsicóticos, em especial os mais antigos, pode levar a um falso positivo, já que drogas antipsicóticas e alguns estabilizadores do humor frequentemente levem a distúrbios do movimento. Finalmente, a genética dos sujeitos da pesquisa, apesar de ser um estudo amplo, é restrita a um único local e sua população.

Esses achados podem ter várias implicações na prática clínica, já que o transtorno bipolar pode ser um primeiro indicativo da doença de Parkinson, dando aos médicos a chance de iniciar terapias modificadoras da doença mais cedo.

Bruna Correa Antovechis Machado