Pessoas com fibromialgia e fadiga crônica pensam de maneira especial

As pessoas portadoras de fibromialgia e fadiga crônica pensam de uma maneira específica, que é relacionada com seus sintomas. Uma teoria unificando as anormalidades cognitivas e de pensamento dos portadores de fibromialgia e fadiga crônica foi avançada por Teodoro e colegas no Journal of Neurology, Neurosurgery & Psychiatry de 15 de maio de 2018. A teoria vale também para os distúrbios neurológicos funcionais, uma coleção de problemas como movimentos involuntários, tonturas, crises, desmaios e perdas de memória e equilíbrio, ataques e pânicos. São sintomas e sinais que não encontram correspondente na anatomia e fisiologia humana. A pessoa pode enxergar que seu braço está vermelho e inchado e ninguém mais vê. Ou pode ter crises como se fossem convulsão ou um tremor, que não encontram correlação clínica quando examinados por um médico.
Os autores avaliam a evidência e concluem que estas pessoas com fibromialgia e fadiga crônica têm muito em comum. Dor, fadiga, e monitorização excessiva interoceptiva, do meio ambiente interno da própria pessoa, é comum a portadores de síndrome do chicote após trauma vertebral e trauma cerebral leve. O excesso de monitorização interna parece levar a uma diminuição da atenção dirigida externamente, com aumento de possibilidade de distração e lentificação de processamento de informações, interferindo na função cognitiva, em especial na de múltiplas tarefas.
Os autores observaram que processos cognitivos rotineiros são experimentados por estas pessoas como inesperadamente difíceis. Só podem ser realizados com esforço. Processos automáticos são realizados em um modo operacional menos eficiente, necessitando controle, o chamado modo cognitivo explícito. Este é o mecanismo proposto para a impossibilidade de controle motor nos distúrbios neurológicos funcionais. Ficou claro para os investigadores que tais experiências podem ser super-interpretadas e super-valorizadas nas pessoas com fibromialgia e fadiga crônica devido a mecanismos de memória, perfeccionismo e inapropriadamente elevado grau de monitorização do desempenho cognitivo.

Dr Paulo Bittencourt