Envelhecimento pode ser previsto por ressonância magnética. Laudos de ressonância com lesões brancas em imagens T2 aparecem em 40% das pessoas aos 40 anos de idade, e se tornam extremamente comuns após os 60 anos de idade. Um colega radiologista de bom humor já chamou estas lesões de OBNIs, objetos brancos não identificados, pois eles podem ser múltiplas coisas.
Imaginava-se que os chamados espaços perivasculares dos mais jovens fossem benignos. Mesmo estes espaços em torno das artérias e veias de pequeno calibre que perfuram certas regiões do cérebro podem prever alguma perda cognitiva futura, conforme a idade avança.
BS Passiak et al. Neurology 2019, 92:e1309-e1321
Outros muito mais comuns nos laudos de idosos confundem pacientes e médicos, e são associados com maior frequência de doença clínica futura.
Georgakis et al. Neurology 2019, 92:e1298-e1308
Especialmente quando as lesões brancas são associadas com aumento dos ventrículos.
West et al. Neurology 2019, 92:e917-e923
Em mulheres pós-menopausa, as lesões são associadas com hipertensão arterial sistólica, mesmo sem outros fatores de risco vasculares.
Haring et al. Neurology 2019, 92:e1284-e1297
Em idosos em geral, as lesões são associadas com hipertensão sistólica, não com diastólica ou diabetes tipo 2.
Havenon et al Neurology 2019, 92:e1168-e1175
Quando esta doença das lesões brancas na substância branca cerebral fica pior, é associada com a apatia que se vê em muitos pacientes.
Tay et al. Neurology 2019, 92:e1157-e1167
Estas lesões são um problema de saúde pública, pois são associadas com o desenvolvimento posterior de distúrbios de marcha, apatia, depressão, declínio funcional e morte. Estudos genéticos ligam estas lesões a inflamação. Já foram localizados 13 locais genéticos associados com em torno de 20% da carga das lesões.
Fornage and Beecham. Neurology 2019, 92:355-356.
Existem duas teorias para a microangiopatia dos idosos, a doença dos vasos muito pequenos, com menos de 0,2 mm de diâmetro. Uma diz que as lesões brancas são isquemias, infartos lacunares e vasos que perderam a parede muscular, tornando-se fibrosados. A outra diz que estes mesmos vasos doentes vazam, causando edema cerebral local. Também existe alguma deficiência de fluxo sanguíneo nestas regiões brancas, porém elas ocorrem em pessoas com demência e em pessoas sem déficit cognitivo, portanto sua exata natureza ainda não está estabelecida.
AH Hainsworth. Neurology 2019, 92:687-688
Um estudo com 12 mil pessoas nos EUA confirmou a associação de sinais de inflamação na idade adulta com disfunção cognitiva 20 anos depois. Os marcadores foram fibrinogênio, von Willebrand, fator VIII e contagem de leucócitos, e proteína C reativa de alta sensibilidade.
Walker et al. Neurology 2019, 92:e1256-1267
Dr Paulo Bittencourt