Damazo Corrêa de Bittencourt e o teatro de Curitiba

O Capitão Damazo Corrêa de Bittencourt era o mais velho de 9 filhos de um capitão casado com uma filha de sargento, portugueses;  foi Escrivão de Órphãos da Capital, “comediographo” e amador dramático; co-proprietário do Theatro São Theodoro. Faleceu aos 51 anos de idade em 1897, portanto nasceu em 1846. No início do século 18, Curityba era uma cidade de algumas poucas centenas de casas dispostas em círculos, logo antes da primeira evolução do mate e cresceu muito, em vários círculos, neste século. Em 1850 tinha 20 mil habitantes; Paranaguá tinha 11 mil e o Paraná inteiro tinha 60 mil.

Sua viúva Christina Thereza de Moura Britto casou-se com Horacio da Silva Pereira. Sua primeira filha, Cecília, casou-se com Edgard Cordeiro Linhares, já abastado industrial do mate. Agatharco casou-se com Clothilde Sabatella. Aristheu casou-se com Myrthe Códega e depois com Fanny Mäder, filha de Nicolau com Francisca da Costa Mäder, e vieram um total de 9 filhos, 38 netos, e incontáveis bisnetos, entre os quais Paulo de Bittencourt I, II e III.

Damazo tem que ter sido um homem especial. Seu nome foi dado para 7 filhos e netos até 1930. Damazo Corrêa de Bittencourt foi o filho mais velho do Capitão João José Corrêa de Bittencourt, 2º de 2 filhos de José Corrêa de Bittencourt, casado com Rosa Mariana, naturais de NS da Guadelupe, Ilha da Graciosa, Portugal, segundo Estevão de Gauribay, genealogista hespanhol consultado por Francisco Negrão. Na Geografia atual, a Ilha Graciosa faz parte das Canárias, Espanha. José Saramago, o único Nobel de língua portuguesa, morava nas Canárias, e achava que Portugal deveria ser uma província da Espanha. Historicamente, Portugal foi separado da Espanha como um preço da derrota da Armada frente aos ingleses em 1587-1589.

Uma biografia de Caetano José Munhoz publicada em Curitiba em 2013, de Domingos van Erven, conta que seu filho Fidêncio Munhoz era um rapaz novo, relativamente humilde, dado a participar em côros e todo tipo de sociedade benificiente que abria na cidade (referências 60 e 61). Entre estas estava uma ONG chamada “União Curitibana”, que se definia como uma sociedade teatral que lançou a pedra fundamental do Theatro São Theodoro, em 1874, conforme ata assinada por Manoel de Souza Dias Negrão e Agostinho Ermelino de Leão. Esta ata deve estar no cartório que na época era de Joaquim José Belarmino de Bittencourt, primo de Damazo Corrêa de Bittencourt. Desde o ano 2000 “União Curitibana” é nome de uma loja maçônica.

Inaugurado em 28.9.1884 na Candido Lopes com Alamaeda Muricy, fechado brevemente durante o período em que muitas coisas viraram federalistas, o Theatro São Theodoro é a origem do Teatro Guaíra. Torna-se claro que Dâmazo foi perseguido durante a revolução federalista. No cartório de seu primo Belarmino e nos primórdios do Teathro, Dâmazo usava os fins de tarde para dar aulas de português e aritmética a escravos, uma forma de apressar sua alforria, como está documentado nos arquivos da Assembleia Legislativa do Paraná, revisados para uma tese de mestrado sobre educação de negros no estado.

Uma coleção de 5 volumes é disponível na Biblioteca Paranaense, chamada Genealogia Paranaense, publicada no início do século XX pela Impressora Paranaense. O autor é Francisco Negrão, que publicou volumes ilustrados e corrigidos por sua esposa sucessivamente. O último, com uma introdução de 1930, publicado em 1946, começa com a família Corrêa de Bittencourt.

Dr Paulo Bittencourt