Entenda as anfetaminas, ritalina, ecstasy, metanfetamina, LSD e cocaína

Anfetamina

As anfetaminas e todos estes medicamentos são da classe das feniletilaminas substituídas, formados pela substituição de um átomo de hidrogênio no anel fenil da estrutura da feniletilamina. Muitas feniletilaminas substituídas são psicoativas. Exemplos são estimulates (anfetaminas), alucinogênicos (DOM), entacto e empatogênicos (aumentam a empatia e o amor pelos próximos, MDA), diminuem apetite (fentermina), descongestionam a mucosa nasal e dilatam os brônquios (levometanfetamina e pseudoefedrina), antidepressivos (bupropiona), antiparkinsonianos (selegiline), e aumentam a pressão arterial (efedrina). Outros são a flenfuramina, MDA, a metilanfetamina. O salbutamol (dihidroxi-3-hidroximetilbutilfenetilamina, é um agonista b2-adrenérgico de curta duração. Seu efeito é através da modulação de sistemas de neurotransmissores de monoaminas, como dopamina, serotonina e adrenalina.

Muitas substâncias que existem no corpo naturalmente são feniletilaminas substituídas, como a dopamina, norepinefrina, adrenalina, tiramina. Também substâncias que existem na natureza, como a efedrina e derivados como a pseudoefedrina. A mescalina das plantas mexicanas e a proscalina, meta e ali-escalina, DOM, DAI, DOC, DON, DOB são psicodélicos. O dimethoxy-4-bromofenetilamina é psicodélico, estimulante, entacto e empatogênico. Exemplos são 2C-C, 2C-1, 2C-D, 2C-E; 2CT- 8, 14, 21. Os derivados da mescalina, inúmeros, são psicodélicos e euforiantes, além de empatogênicos.  A amfepramona (dietilpropiona), que vem a ser a dietil-β-ketoamphetamine, é anorexígeno.

A cocaína foi isolada das folhas da árvore em 1855, e foi sintetizada em 1898, sempre na Alemanha. Seu efeito é muito semelhante ao das anfetaminas, inibindo a recaptação da serotonina, norepinefrina e dopamina em certas sinapses do sistema nervoso central. A anfetamina foi sintetizada em 1887 na Alemanha, e o enanciômero destro – d-anfetamina – é mais potente que o levo-anfetamina. A metanfetamina, a mesma da série Breaking Bad da Netflix, foi sintetizada a partir da efedrina, em 1893, no Japão 1893. O Venvanse é lisdestroanfetamina, pró-droga da destroanfetamina. Quem toma Venvanse tem destro-anfetamina no sangue. O metilfenidato, base da Ritalina e do Concerta, foi sintetizado na Suíça em 1944. O MDMA é o Ecstasy.

A destro-anfetamina é tradicionalmente utilizada como estimulante de atenção, cognitivo, atlético e contra o sono. O efeito recreativo é afrodisíaco, euforiante, e o efeito militar foi utilizado em forças especiais, de tanques e aéreas, em missões muito cansativas, de bombardeio noturno e combate prolongado. Na Segunda Guerra Mundial a metanfetamina era vendida como o comprimido Pervitin, produzido pela Temmler em Berlin, usado amplamente por todos os ramos da Wehrmacht, o exército do 3º Reich. Era popular especialmente com pilotos da Luftwaffe, quando chegou a receber o apelido de “Stuka-Tablets” (Stuka-Tabletten) e “Herman-Göring-Pills” (Hermann-Göring-Pillen). Porém os efeitos colaterais eram tão graves que em 1940 seu uso já foi muito cortado. A ressaca de uma batalha movida a Pervitin era de 2-3 dias. Durante o efeito, oficiais se tornavam violentos, cometendo crimes de guerra contra seus colegas e civis. Obetrol, metanfetamina produzida na Alemanha nos anos 1950, era usada para obesidade na Europa e na America.

Quando sua propriedade de desenvolver dependência química ficou clara os governos nacionais cortaram o uso rapidamente das anfetaminas, já nos anos 1960 e 1970. Existe disputa entre os historiadores sobre a relação de causa e efeito, mas não há dúvida que exatamente no período de maior uso das anfetaminas, no local onde elas foram sintetizadas e eram mais utilizadas, nasceram o nazismo e suas complicações.

Estimativa global de usuários em 2016 – em milhões

Substância Melhor estimativa  Baixa  Alta

Anfetaminas          34        13        55

Cannabis              192      165      234

Cocaína                  18        14        23

Ecstasy                   20        9          32

Ópio                        19        14        26

Opióides                34        27        44

Este artigo foi retirado da Wikipedia em inglês, utilizando meu conhecimento do assunto.

Dr Paulo Bittencourt

PhD em Farmacologia Clínica pelas Universidades de Londres e de São Paulo